Acordei no meio da madrugada com uma dor de cabeça terrível, pensei
que ela estivesse explodindo ou algo parecido. Passei a mão pelos cabelos
como de costume e olhei para o lado, pude ver seu rosto. Uma visão ou
uma realidade? não sei. Pensei: agora estou no fundo no poço.
Logo amanheceu e a claridade do quarto terminou de me matar, e cabeça
latejava como nunca. Coloquei os pés no chão ainda com medo de cair
por conta da tontura, consegui descer a escada e beber um chocolate
quente com pão de forma cheio de manteiga torrado na misteira. Já sabia
que o dia seria uma luta, que o onibus balançaria mais do que nunca e que
tudo o que eu queria fazer o dia inteiro era viajar até 'Nárnia'.
Depois de suprir meu corpo e pedir aos céus para que ele ficasse acordado
o restante do dia eu puder olhar pra dentro e ver o tamanho do vazio.
Um vento frio cortava meu peito, parecia um grande buraco dividindo
meu corpo da minha alma. Fechei os olhos e simplesmente quis ir..
É uma dor tão estranha, ela não se completa e nem se encontra em nada
apenas comprime seu ser, aperta seus pulmões ao ponto da respiração ficar
difícil e cansativa. Ainda sentia o vento gelado cortanto as extremidades
da minha pele, do meu corpo e de todos os meus sentidos.
Me olhei no espelho pra escovar os dentes e arrumar o cabelo. Não pude
perceber qual era o estado de minhas expressões, mas me falaram que
eu estava com cara de "boba" entendi como sendo pasma ou pálida.
Pedi a Deus pra me colocar no colo por alguns minutos, e me lembrei
que "nenhuma história que não seja a sua será contada". Se meus
pecados fossem revelados talvez eu seria massacrada e não teria
chance de perdão. Será que eu não seria apedrejada ou crucificada
pelos meus proprios irmãos?
O buraco negro e frio será fechado pela graça de Deus, e por saber
que a grande diferença é que eu sei o caminho correto, sei onde parei
na estrada. Sei exatamente qual a placa que devo seguir e meu
mapa contém palavras de verdade e vida eterna. Não serei constrangida,
minha História pertence somente a mim. Cabe a mim conta-la ou não.
"No fundo de um buraco ou de um poço, acontece descobrir-se as estrelas."
Aristoteles
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